PATERNALISMO HIPOCRÁTICO E HOMEOPATIA

Mônica Beier, Antônio C.G. da Cruz, João L. de Magalhães, Aluízio de A. Abreu, Ana M.R. Rodrigues

Resumo


O tratado Da Medicina Antiga, do Corpus hippocraticum, atribuído a Hipócrates por vários estudiosos, ensina que a metodologia médica deriva da assimilação dos alimentos e influências que permeiam hábitos humanos. É necessário que haja combinação entre as potências que constituem o todo orgânico para que a saúde seja conservada e recuperada. A enfermidade, que Alcmeão já distinguia como monarquia ou domínio de uma força sobre outras, ocorria em caso de desarmonia entre as potências, como resultante da dominação. Esse método temperava opostos e recomendava que o médico levasse compreensão ao enfermo sobre sua enfermidade e cura e se fizesse entender por ele. Baseava-se, então, na moderação ou prudência, fundamento que não podia permitir a tirania na relação médico-paciente, razão pela qual ela se regia pela amizade. O objetivo deste trabalho é refletir sobre o paternalismo da medicina hipocrática e compará-lo ao modelo homeopático. O método utilizado foi o estudo do tratado Da Medicina Antiga. Deste estudo resultou a convicção de que não poderiahaver paternalismo duro entre um hipocrático e o enfermo. Existe uma razão conveniente que educa a phýsis da enfermidade, através de uma recordação por meio do diálogo entre o médico e enfermo. A reorganização da vida physiológica decorre do desaparecimento das sensações representativas de enfermidade e da instrução do profano através da recuperação damemória da dinâmica mórbida. Esse autor entende que qualquer violência significa doença, de modo que não se deve compreender que uma dominação, no caso a do médico, poderia suscitar desarmonia às relações orgânicas que implicam médico e paciente com tudo o mais na vida do enfermo. Ele ensina que as relações se totalizavam em uma harmonia simples e indivisível. Conclui-se que o hipocratismo se regia pela moderação e não pela tirania, semelhante ao homeopático, onde a relação médico-enfermo se fundamenta no diálogo e naressignificação do estado mórbido enquanto sensação da energia vital através do símile e/ou regime de vida. 

Texto completo:

PDF


Direitos autorais 2015 Mônica Beier, Antônio C.G. da Cruz, João L. de Magalhães, Aluízio de A. Abreu, Ana M.R. Rodrigues

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.

Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.


ISSN: 2175-3105