ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A MEDICINA HIPOCRÁTICA E A HOMEOPATIA

Mônica Beier, Antônio C.G. da Cruz, João L. de Magalhães, Aluízio de A. Abreu, Ana M.R. Rodrigues

Resumo


A tekhne iatrike fundamentou-se na ideia de phýsis (natureza). Segundo P. Laín Entralgo, ela foi o divino para os pensadores gregos, uma realidade universal, unitária, harmoniosa e soberana. Foi com a criação da tekhne iatrike que a atitude religiosa do homem grego, antes associada a uma cultura de deuses olímpicos, transformou-se no respeito à Divina Phýsis, justificados de que as propriedades ou virtudes das coisas (dynamis) dependem de um princípio que estão nelas mesmas. Segundo Hahnemann, a energia vital anima o corpo material como dynamis, mantendo-o harmônico em suas sensações e funções e, é a mesma que reage ao estímulo mórbido semelhante recuperando a saúde perdida. Objetiva-se levantar semelhanças entre a arte homeopática e a tekhne iatrike hipocrática. O método utilizado foi o estudo dos livros hipocráticos e de estudiosos destas obras. Resultou o conhecimento de que a Phýsis foi o princípio da physiologia ou saber racional. Convencidos de que ela era de alguma forma conhecível, poderia ser auxiliada em seu movimento em algum momento através da arte médica. Sendo ela soberana e divina, resultaram de seu lógos uma physiologia e a compreensão de que seus movimentos eram produzidos e subjugados a uma necessidade que se manifestava de duas formas: alterações da saúde que poderiam não ter acontecido e que dependem do movimento de vida (tikhé ou azar) ou alterações da saúde inexoráveis e que determinam uma necessidade invencível, como enfermidades incuráveis ou mortais (anankeou forçosidade). Considerar a Phýsis como o “Divino” gerou no hipocrático um imperativo religioso e ético: o respeito à limitação de sua arte, ou seja, intervir segundo a necessidade da natureza (ananke physeos). A tekhne iatrike foi um peculiar modo de agir conhecendo e reconhecendo o que se faz, respeitando a ordenação da Phýsis. Essa tekhne iatrike foi uma mimesis, não uma cópia do que já existira e sim uma imitação de algo que lhe é próprio, como uma criação. Concluiu-se que este pré-conhecer nascido de um saber racional experimental assemelha-se ao conhecimento patogenético usado para prescrição de um símile e o respeito à evolução ao acaso ou forçosa assemelha-se às observações prognósticas homeopáticas. 

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ISSN: 2175-3105